domingo, 18 de dezembro de 2011

Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A gota d’água: globais, belo-monte, e a aceitação popular.


Nestes últimos tempos, tem ecoado nas páginas da rede social facebook, uma campanha em favor do Xingu (ou contra a usina belo-monte). Confesso que também a aceitei com entusiasmo e, regozijei ao saber que este debate estava indo para o domínio publico. Esta causa não é de agora, e há tempos pessoas lutam contra a usina e contra o código florestal. Empolguei-me ao ver o número de pessoas que postavam o vídeo em seus “murais” e o número de pessoas que publicaram o link para assinar uma petição contra a usina belo-monte. Porém de uns dias pra cá comecei a rever estas publicações, levantando a seguinte pergunta: vejo pessoas publicarem a tempos “posts” sobre a usina belo-monte, há tempos existem criticas de pessoas contra (muitos amigos meus e familiares, por exemplo), esta devastação sem tamanho, e só agora as pessoas perceberam que este tipo de protesto acontecia no facebook? Não critico a iniciativa das pessoas, dos atores ou do grupo criador da campanha, o que critico e questiono é a validade destas publicações. Este vídeo traz vários atores de renome (todos são atores da rede globo) e eles fazem o vídeo com perguntas e respostas de forma interativa, ao passo que fica bem clara a mensagem.

Penso que esta na moda ser “ecológico” ser a favor da “causa” e porque é moda? Por que atores globais fizeram a propaganda! Quantos vídeos na internet mostraram índios pedindo em desespero seu espaço sua casa, agora o Brasil acordou, salve a globo pela alienação. Não quero aqui fazer demagogias, ou protestos de cunho social, não, isto beira ao ridículo. O que eu quero, porém, é que as pessoas pensem além do dos atores globais, pensem que não é moda ser da “causa”. Ir contra a usina belo-monte é estar a par dos debates nacionais e mundiais, saber sobre o código-florestal ou o dinheiro dado a campanha Dilma pelas mesmas empresas que construíram a usina, isto é o mínimo, é o necessário para uma consciência da “causa”.

Espero confiante que cada um daqueles que assinaram a petição, ou que, publicaram o vídeo esteja ciente daquilo que assinou ou publicou. Espero que esta mobilização dê ao povo brasileiro engajamento, que traga consciência ambiental, que mostra o valor do índio e o cuidado que devemos ter para com ele, para com a natureza, não só a Amazônia, mas, também cada árvore, cada animal presente neste Brasil.

Pra quem quiser ver o video citado, o link é este aqui

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula, SUS e o resto do mundo.



Estava essa semana conversando com um amigo e acabou que o assunto, depois de passar pelos pontos mais esquisitos de uma conversa considerada "Normal", chegou à saúde pública. Já que o assunto mais comentado da semana foi o diagnóstico de câncer do ex-presidente Lula.

Relutei um pouco pra escrever sobre isso porque é a única coisa na qual os (tele) jornais (pelo menos da TV aberta) falam e por onde eu passo, tem sempre alguém falando e/ou fazendo piadinhas a respeito do assunto. E isso enche a paciencia de qualquer um.

E foi justamente sobre isso que falamos.

Meu amigo veio me dizer que achava válida a campanha que se instalou na internet para que Lula fosse se tratar no SUS. Discordei dele. E discordo. Pra começar, não é Lula indo se tratar no SUS que vai fazer com que o sistema melhore. Na melhor das hipóteses (acho) mais pessoas vão procurar os hospitais públicos "porque se o ex-presidente foi curado lá, não tenho porque gastar mais dinheiro com médicos particulares". Lula procurando ajuda do SUS, tira a vaga de alguém que REALMENTE precisa e não tem condição de pagar um plano de saúde (considerando a atual situação do sistema de saúde pública, lula sendo uma "celebridade", ele teria prioridade no tratamento).

Meu amigo falou que a intenção da campanha é a de que Lula perceba que o sistema é precário e que pessoas precisam madrugar em frente a hospitais pra conseguir marcar uma consulta pra daqui a não sei quantos meses e depois de marcada a consulta, vem mais alguns meses até que seja marcada a data de um exame para o diagnóstico de alguma doença.

Mas o problema é que eu (e tantas outras pessoas) vimos, tanto no facebook, quanto no twitter, pessoas fazendo PIADA sobre a doença de Lula. PIADA.

Não discordo quando dizem que o Sistema Público de Saúde brasileiro é precário. Não discordo quando dizem que ele tem muito a melhorar, mas fazer PIADA com coisa séria... gente... sério... Começa a passar dos limites. Câncer não é brincadeira e DEVE ser levado a sério. Pode ser no pior dos seres humanos. O mínimo que se deve ter é RESPEITO.

O Brasil é um dos poucos países (ou o único (já não sei)) a oferecer assistência médica gratuita. O Brasil também oferece certos tipos de drogas (legais) pra tratamento de doenças, inclusive do câncer. Coisa que outros países não fazem...

Mas olha... só pra encerrar, existem TANTOS outros assuntos e tantas outras coisas acontecendo neste exato momento no Brasil, que pelo amor de deus, deixem o Lula em paz... deixem ele se tratar onde ele quiser porque eu tenho certeza que se vocês tivesse o dinheiro que ele tem hoje, também não iam procurar tratamento num hospital público tendo que esperar horas e horas e, porque não, MESES pra conseguir atendimento pra alguma coisa.

Vamos, por exemplo, prestar mais atenção:

'1- Projeto Belo Monte, pra quem leu o relatório (são mais de 20, mas se achar 1 tá valendo) do MPF do Pará. Injustiça e a destruição iminente...

2- STF – pra quem leu o relatório de atividades do Supremo em 2010 (80 pags de NADA) vai ver como a justiça no seu último grau de recurso é linda... Menos R$ 8,3 bilhões aos cofres públicos em aumento salarial aos juízes federais…

3- Obras do Pan e da Copa do Mundo… a maior robalheira da história política do mundo.'

Vamos começar a nos perocupar de verdade com nossas próprias vidas e deixar que Lula faça o que quiser da dele... Por favor.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um perto, não tão distante.


Quem garante?
A nossa vida é sempre cheia de espectativas acerca do desejo de um possível futuro e acerca de quem nós somos, mas quem garante que essas espectativas são produto de uma consciencia nossa para com nós mesmos?
Porque achamos que o outro nunca interfere na nossa vida?
Na prática, o que o outro pensa é (infinitamente) mais importante do que eu mesmo imagino que seja. A nossa vida é guiada pelas espectativas dos nossos pais, estamos sempre procurando uma forma de agradá-los, mesmo que indiretamente.
Será que nós conseguimos pensar e agir de acordo com o que realmente desejamos sem deixar que os outros (pais, professores, amigos, etc) interfiram nas nossas decisões?
Um filósofo francês, do século XVII, chegou a dizer em um de seus escritos que o homem só poderia ter certeza de si mesmo. Porém, será que podemos pensar um mundo em que só temos certeza da nossa própria existencia? Não estamos falando aqui de egoismo. O pensamento vai muito mais pro lado do fato de nós termos uma ética tão nossa que chegamos a achar que as outras pessoas não compartilham da nossa atividade no mundo. Ou que o que fazemos, de certa forma, não esteja diretamente ligado a elas.
Aí, bisbilhotando na internet, descobrimos a musica de Tiê - 'Perto e distante', que está no álbum 'A coruja e o coração' (2011), que tenta passar uma mensagem semelhante a desse texto. Quem garante que nós conseguimos viver por aí, sem o olhar do outro para nos acompanhar?


Perto e distante.

Quem garante
Que o que você é
é o que o outro espera de você?
Distante.
O que você me diz do que eu sinto
Não sei porque.
Quem garante
Que seguindo a diante
Eu possa enfim viver?
Sem me comparar
Sem entristecer
Sem tentar mudar
Sem poder entender
Não dá
Eu vou ter que sair
Pra poder voltar.
Me ver
Me achar
No seu olhar
Pra entender
O que é o gostar.
Quem garante
Que o que você é
É o que o outro enxerga?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quase Genial.

Só porque nós pensamos quase a mesma coisa sobre a implosão do CFCH mas, infelizmente, não escrevemos sobre.

"Encontrada a solução para a onda de suicídios no CFCH

Após o terceiro suicidio em menos de 3 meses, a reitrollia da UFPE anunciou que tomará medidas extremas em relação a essa prática agressiva. Felizmente, não se trata do atendimento à reivindicação de trampolins nos andares mais altos feita pela corrente sádica da universidade. O prédio do CFCH será demolido nas próximas semanas como a única solução possível para os sucessivos casos de suicidio no prédio.

Estudantes reclamam que a própria guarda da universidade deveria manter a segurança do local, o que não vem surtindo efeito. Nesse aspecto, a outra forma possível de vigilância viria de uma improvável ação da Polícia Federal, única legalmente autorizada a intervir no campus acadêmico. “O prédio é muito pouco seguro. Entra quem quer, a galera usa o prédio para transar, para usar dorgas e se suicidar a vontade. Parece que o fizeram só pra isso”, denuncia uma estudante que não quis se identificar. De todos os atos citados por ela, o único que não é crime é o suicídio. “Se você considerar que, se eu me mato me jogando na frente de um ônibus, ou um veículo qualquer, isso tem implicações para o condutor do veiculo. Se eu me mato com uma arma, vão querer saber quem me vendeu o tal do objeto. Porém, se me jogo de um prédio, não vão responsabilizar ninguém pela minha morte… Seria, então, essa a ética por trás do suicídio? Farei minha tese sobre isso”, disse o aluno Giovannini Gonçalves.

Como os serviços de acompanhamento psicológico aos estudantes e funcionários não vem suprindo sua demanda, a solução anunciada após a comoção do incidente de hoje foi a implosão do CFCH. “Prédio pouco funcional. Com poucas salas de aula e espaço mal dividido. Dizem que quando o inauguraram, Getúlio Vargas perguntou por que construíram um prédio tão alto em um terreno de área igual à do Vaticano. Por que será que o CFCH não foi uma construção horizontal? É claro que foi decisão dos illuminati” informa um funcionário anônimo da reitrollia. Autoridades avisaram que na ocasião da implosão o prédio não será fechado, o que tornaria possível um suposto suicídio coletivo."

Esse texto foi originalmente publicado AQUI


Só por que eu achei legal...


Ainda do blog da Beatriz Jorge

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

#2²

Sabe que eu achei, de verdade, que não fosse voltar a falar sobre isso aqui. Ou pelo menos não tão cedo. Mas, mais uma pessoa cometeu suicídio pulando do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFPE).
Eu, sinceramente, não tenho o que falar... mesmo.
A única coisa que consigo (ou pelo menos tento) imaginar nesses momentos é que o sofrimento dessas pessoas deve ser enorme. A ponto de acreditar que o suicídio é a única solução pra ele.
Não vou ficar aqui repetindo o que já foi dito a menos de 1 mês atras diante da mesma situação.
Só espero que esse problema seja solucionado o mais rápido possível.

P.s. Sobre a foto: como diz a letra de uma canção: "As grades do condomínio são pra trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão."

Era só isso!

domingo, 25 de setembro de 2011

#Keep Walking on The Wild Side

Leitores,

Não sei se já perceberam, mas os posts aqui, geralmente, possuem temas repetidos. Até agora, foram seis posts (7 com este), sendo quatro com dois temas em comum. Pois é. O fato é que este blog é composto por mais de uma cabeça. Sim, somos três.
Portanto, os temas dos posts podem e vão ficar repetidos. Tentaremos não abordar sempre os mesmos assuntos, ma é meio difícil nós três mantermos as mesmas opiniões sobre tudo.
Se é chato ler três posts sobre um mesmo assunto, mais chato ainda seria três pessoas terem a mesma opinião sempre. (acho).
Inclusive, vocês, através dos comentários, podem e (acho) devem deixar claro também o que vocês pensam. Vamos tentar manter uma discussão saudável por aqui.
Outro ponto: Até o momento, não temos a intenção de revelar nossas “identidades”. Não haverão assinaturas/nomes nos posts. Com o tempo, quem se acostumar a ler este blog que vos “fala” perceberá diferenças na escrita de cada um.

Ps¹: O título do post é uma referencia a musica “take walk on the wild side” do Lou Reed. (A música não tem ligação nenhuma com o post. Só estava escutando-a na hora da escrita)

Ps²: O nosso email é biosfilosoficos@gmail.com. podem mandar sugestões, críticas, elogios, depoimentos emocionados (ou não) e pedidos de mapa astral (mentira).

Vamos rever a vida!

Comumente na nossa vida as coisas passam alheias a nós, desde sol ao amanhecer até o crepúsculo do dia. Nossas vidas estão cada vez mais apressadas, mais rápidas. Não temos mais tempo para nossos filhos, esposas, esposos, pais, mães… A sociedade nos cria para termos o máximo de tempo para o trabalho e, do pouco que sobrar para nós mesmos. Não quero afirmar aqui, que um tempo para nós mesmos não seja importante – porque é. Quero alertar, que não aproveitamos os detalhes da vida. Esquecemos o valor de um sentimento, de um abraço, até mesmo da briga com o namorado (a). Paremos e pensemos um pouco, quantas vezes olhamos para o céu e o achamos magnífico, ou a lua bela, ou o simples barulho do mar! Todas estas sensações deveriam ser corriqueiras, pois todos estes elementos são corriqueiros, fazem parte da nossa vida e não sabemos aproveitá-los. O pior é que nossa sociedade é tão egoísta, narcisista, que nem mais se preocupa com os sentimentos: com lagrimas, sorrisos… A preocupação é sempre a mesma, a pressa. A presa, a constante que calcula nossas vidas. Quando se diz que estamos condenados a sermos nós mesmos diante da sociedade – vídeo postado aqui no blog (#Tear down the wall!), é porque já não somos nós mesmos, somos simples robôs: andamos, trabalhamos, desligamos e não mais sentimos. Precisaremos realmente chegar a um estado onde serão punidos os que amam, poetizam, os que vêem a vida bela como ela é? Vamos parar ao menos um minuto do nosso dia para olhar o céu, para dar bom dia para o porteiro do nosso prédio, ou o motorista do ônibus, abraçar nossas mães, namorados. Vamos rever a vida!

# Não Existe Amor em Lugar Algum.

Aqui, ninguém vai pro céu!

#TearDownTheWall

domingo, 11 de setembro de 2011

Mais uma família enlutada!

O descaso da humanidade para com a humanidade chega a ser um absurdo. Hoje houve mais um caso de suicídio na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) um jovem aparentando cerca de 20 anos pulou do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Sempre se houve falar que estes casos acontecem, Jamais pensei presenciar um. E pior vê como a morte está banalizada! Pessoas amontoavam-se para ver o corpo estendido no chão; não só isto, se ria do barulho da queda, gesticulavam imitando a queda e mais uma vez caiam na risada. Refletindo esta cena pitoresca, algo que sempre vinha a minha cabeça eram os massacrantes jogos romanos onde se trocava sangue por risos e diversão.  O que mais me indigna é que nada disso será reverberado. O silêncio reinará já amanhã. A única lembrança do caso será no choro de sua família, em uma ridícula nota na ascom e mais nada. Até quando serão silenciados casos como este? Quantos mais precisaram suicidar-se para que a sociedade, o governo, a universidade se dêem conta que são seres humanos e não simples “eventualidades”? Este é o primeiro corpo que vejo na universidade, espero que seja o único. Tenho fé que este problema será sanado e isto só irá acontecer quando tomarmos consciência de que cada vida é importante.

*Originalmente postado dia 29/08/2011 em www.biosfilosoficos.wordpress.com

#2

Mais um suicídio na UFPE, mais precisamente, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Eu sempre me pergunto nesse tipo de situação, o porquê de as pessoas sempre fazerem as mesmas gracinhas. “se jogou porque era idiota”, “porque não queria viver”… Não entrarei aqui na discussão de quem quer viver ou não. O fato é que mais uma pessoa se jogou do CFCH. Outra pergunta que fica é: quantas mais precisarão se jogar pra que a coordenação do prédio e até mesmo a reitoria tome uma providencia em relação a isto. Visto que grades nas janelas já não são suficientes. Hoje eu presenciei o suicídio de uma pessoa. Um rapaz que eu, provavelmente, não conhecia, mas só de pensar que talvez eu tenha cruzado com ele nos corredores (me disseram que ele se jogou do 14º andar e eu estava no 14º na hora do ocorrido) sinto arrepios por todo o corpo. E não consigo esquecer o barulho do impacto do corpo dele no chão e o cheiro de sangue que surgiu no local e das pessoas sorrindo. Sim, SORRINDO da situação. E os seguranças do prédio agindo como se nada tivesse acontecido. De fato, passo a acreditar que, para eles, nada aconteceu. Amanhã será mais um dia de aula, como tantos outros. A minha indignação não é tanto pelo suicídio (e é em grande parte), mas é muito mais pelo descaso que se faz diante do ocorrido. As pessoas agem normalmente e comentam a maior fofoca do dia. E eu, como estudante do centro, sei que essa situação não se acabará assim, da noite pro dia, mas nós estudantes, indignados e preocupados com a situação precisamos tomar providencias. Não consigo imaginar que daqui a um tempo o próximo a se suicidar seja alguém próximo a mim. Não quero que chegue a esse ponto pra que eu possa começar a me importar. E também não quero fazer parte do grupo dos que banalizam a situação. É mas um que comete suicídio sem, talvez, ter tido direito a ajuda. É mais uma família que vai passar o resto dos dias sem um ente querido. O que me conforta nessa confusão toda é que o fato de eu e tantos outros ficarmos chocados significa que ainda nos importamos. Que ainda damos valor à vida.

* Originalmente postado dia 29/08/2011 em www.biosfilosoficos.wordpress.com

Hello Word!


Hello World! Primeiro post do blog mais legal sobre filosofia e baboseiras filosóficas.
Se tudo der certo e quando der certo, mais posts e videos e filosofia e…